Câmbio Automatizado de Dupla Embreagem: Tecnologia em Ascensão no Brasil
O câmbio automatizado de dupla embreagem, conhecido por suas trocas rápidas e eficiência, está ganhando popularidade no Brasil, inclusive em carros mais pacatos. Diferentemente do CVT, esse tipo de câmbio não causa estranheza aos motoristas e possui baixas perdas mecânicas.
Embora seja uma tecnologia relativamente recente nos carros de rua, o câmbio de dupla embreagem ainda enfrenta algum preconceito no Brasil, em parte devido aos problemas enfrentados pelo câmbio Powershift da Ford, que resultou em recalls ao redor do mundo.
Apesar dessa má reputação, as montadoras não abandonaram o uso do câmbio de dupla embreagem. A Renault lançou o Kardian com esse tipo de caixa, que também será adotada por outros carros da marca. Além disso, a Stellantis confirmou um sistema híbrido associado a esse tipo de câmbio.
A Renault também prevê o uso da caixa de dupla embreagem em veículos híbridos. Tanto a Renault quanto a Stellantis estão integrando um motor elétrico dentro do câmbio, fazendo parte de um sistema híbrido leve mais potente do que aqueles que utilizam apenas um motor no lugar do alternador.
Mas como funciona exatamente o câmbio de dupla embreagem? Apesar do nome “câmbio automatizado de dupla embreagem”, esse tipo de caixa de marchas não possui relação com os antigos câmbios automatizados de embreagem única. No câmbio de dupla embreagem, o eixo primário da transmissão é dividido em dois: um com as marchas pares e outro com as ímpares. Isso permite que a próxima ou a marcha anterior estejam pré-selecionadas, garantindo trocas instantâneas.
Cada um desses eixos possui uma embreagem que realiza o acoplamento. Quando uma embreagem é acionada, a outra é desacoplada. Essas trocas rápidas praticamente eliminam o tempo sem aceleração que ocorre durante as trocas de marcha.
Existem dois tipos principais de câmbios de dupla embreagem: os secos e os imersos em óleo. Os câmbios a seco são mais compactos e leves, utilizando apenas um platô onde uma embreagem fica dentro da outra. Esse design ajuda na dissipação do calor e dispensa a necessidade de óleo passar por lá. Além disso, requer menos lubrificante para os atuadores. Esse conceito foi utilizado no câmbio DSG de sete marchas da Volkswagen e no Powershift da Ford, mas gerou reclamações devido aos ruídos em pisos irregulares.
Por outro lado, os câmbios imersos em óleo são maiores e mais complexos. Eles contam com mais de 6 litros de lubrificante dentro da caixa, o que aumenta seu peso. No entanto, essa configuração é capaz de suportar maior torque e não gera ruídos. A Volkswagen utiliza esse conceito nos câmbios DSG de 6 e 7 marchas em conjunto com o motor 2.0 TSI. Além disso, modelos como o Ford Territory, Renault Kardian e carros da Porsche também possuem embreagens imersas em óleo.
Agora, surge a pergunta: qual é a melhor opção, câmbio automático ou de dupla embreagem? Cada tipo de câmbio possui suas vantagens. No caso do câmbio de dupla embreagem, suas trocas rápidas o tornam a escolha ideal para quem busca desempenho. Além disso, seu acoplamento com menos perdas mecânicas contribui para a economia de combustível.
No uso cotidiano, o funcionamento do câmbio de dupla embreagem é semelhante ao de um câmbio automático tradicional. A vantagem em termos de desempenho se destaca em situações como retomadas, onde as respostas rápidas ajudam a extrair melhor a potência do motor.
No entanto, é importante considerar a manutenção. Os reparos em câmbios de dupla embreagem podem ser caros e exigem mão de obra especializada devido à dependência de atuadores e sistemas eletrônicos.
Até pouco tempo atrás, apenas as marcas Volkswagen, Audi e Porsche apostavam nos câmbios de dupla embreagem. Atualmente, essa tecnologia está mais difundida e presente em diversos modelos zero km vendidos no Brasil.
Entre eles estão os carros da Audi (exceto RS6 Avant, Q7, Q8 e os elétricos), BMW X1, BMW 118i, BMW 218i Grand Coupe, Caoa Chery Tiggo 7 Max Drive e Tiggo 8 MaxDrive, Ferrari, Hyundai New Tucson, Hyundai Kona Hybrid, Hyundai Ioniq, Kia Niro, Kia Sportage, Kia Stonic, Lamborghini Huracán, McLaren, Mercedes-Benz Classe A, Mercedes-Benz CLA, Mercedes-Benz GLA, Mercedes-Benz GLB, Mini Cooper S e Mini Cooper JCW. Além disso, os modelos Porsche 911, 718 Boxster, 718 Cayman, Macan e Panamera também são equipados com câmbio de dupla embreagem. O Volkswagen Jetta GLI completa a lista.
Com o avanço dessa tecnologia no mercado automotivo brasileiro, os motoristas têm mais opções para escolher um carro com câmbio eficiente e desempenho superior. A tendência é que cada vez mais montadoras adotem o câmbio de dupla embreagem em seus modelos, proporcionando uma experiência de direção mais prazerosa e eficiente.
Fonte: Autopapo