Queda da ponte de Baltimore afeta cadeia de suprimentos das montadoras
Na noite de segunda-feira, a Ponte de Baltimore desabou após ser atingida por um navio de contêineres com bandeira de Cingapura. Esse incidente impactou diretamente as operações de embarque tanto da Ford quanto da General Motors, afetando toda a cadeia de suprimentos automotivos dos Estados Unidos.
O porto da cidade é o maior do país em termos de volume de automóveis transportados, o que torna esse colapso um golpe significativo para o setor automotivo americano, que já vem sofrendo com os efeitos da pandemia e a escassez de chips.
Fotos disponíveis mostram que a estrutura da ponte, que possui 2,57 km de extensão, desabou, levando carros e pessoas para a água extremamente fria abaixo. As operações de busca e resgate ainda estão em andamento, e quatro pessoas estão desaparecidas e presumivelmente mortas.
O diretor financeiro da Ford Motor Company, John Lawler, confirmou a informação durante uma entrevista à Bloomberg TV. Ele destacou que o Porto de Baltimore é um local com grande fluxo e que esse incidente terá um impacto significativo nas operações da montadora. Para minimizar os impactos, a Ford terá que redirecionar suas peças para outros portos ao longo da Costa Leste ou até mesmo para outras regiões do país.
Lawler ressaltou que as montadoras adquiriram experiência ao lidar com interrupções nos últimos anos e que usarão essa expertise para encontrar a melhor solução nesse momento. O New York Times sugere que um dos portos para os quais as montadoras podem redirecionar seus carros é o Porto de Brunswick, na Geórgia, que está passando por um processo de expansão.
A General Motors também está trabalhando intensamente para mitigar os efeitos desse incidente. A montadora irá redirecionar os embarques de veículos que normalmente passariam pelo Porto de Baltimore. Vale ressaltar que o porto permanecerá fechado até que as autoridades concluam as operações de busca e resgate.
John Bozzella, CEO da Alliance for Automotive Innovation, que representa grandes montadoras de automóveis nos Estados Unidos, incluindo Ford, GM, Toyota e Volkswagen, destacou que Baltimore é o principal porto automotivo do país. Em 2023, mais de 847.000 carros e caminhonetes transitaram por esse porto.
Montadoras europeias como BMW, Mercedes-Benz e Volkswagen possuem instalações na área do porto para facilitar o transporte de veículos no local. Dados compilados pela Bloomberg mostram que a Mazda é a montadora com o maior número de importações de carros para os Estados Unidos por valor monetário através do Porto de Baltimore. Volkswagen, Mercedes-Benz, JLR e Subaru também estão entre as principais importadoras.
Enquanto alguns enfrentam desafios após o colapso da ponte, outros têm sorte. Por exemplo, a BMW e a Volkswagen operam em terminais localizados ao longo da costa, logo após a ponte. No ano passado, aproximadamente 100.000 carros da marca Volkswagen foram processados e enviados por meio de Baltimore para revendedores nas regiões Nordeste e Meio-Atlântico dos Estados Unidos.
Apesar desse cenário, um representante da Mercedes-Benz afirmou que a montadora possui várias opções disponíveis em sua rede de cadeia flexível, garantindo que o suprimento para sua fábrica em Tuscaloosa, Alabama, não seja afetado.
O secretário de transporte dos EUA, Pete Buttigieg, prevê sérias interrupções em toda a cadeia de suprimentos do país e ressalta que o caminho de volta à normalidade não será fácil, rápido e barato.
Esse colapso da Ponte de Baltimore representa um desafio significativo para as montadoras e toda a indústria automotiva dos Estados Unidos. A busca por soluções alternativas e a recuperação dessa situação exigirão esforços conjuntos e estratégias bem definidas para minimizar os impactos nos embarques automotivos do país.
